Mensagem às nossas MÃES

REMENDO

Flávio V. Dornelles Schneider

 

 

Quando eu era pequeno 

Via minha mãe remendando    

E ficava observando

Cada peça de roupa restaurada.

Não entendia quase nada

Pois só via ali um remendo.

Penso que hoje entendo

Aquela tarefa abençoada!

 

Sentada numa cadeira de palha

Buscava a melhor iluminação:

Luz solar ou lampião.

Óculos na ponta do nariz,

Semblante de gente feliz.

No colo a roupa rasgada,

Agulha com a linha colocada

E um silêncio que muito diz!

 

Colocar a linha na agulha

Requeria muita persistência,

Mão firme, suavidade, paciência.

Cada gesto que ela fazia

Com os filhos repetia

No vestir, repreender, alimentar,

Num constante comungar,

Na vivência da liturgia!

Logo como primeiro passo

O remendo era escolhido;

Teria que ser parecido

Com o tecido rasgado.

Assim a gente era educado:

Nas diferenças, iguais

Ninguém menos, ninguém mais

E com a união reforçado.

 

Cada ponto do chuleio

Contava uma Ave-Maria.

Enquanto chuleava pedia

Pela saúde do filho,

Um caminho sem empecilho,

Muita fé e esperança,

Um amor que não se cansa,

Futuro cheio de brilho.

 

Nem tudo eu entendi

Daquele tão belo momento…

Fica o questionamento

Daquilo que acontecia:

Ela remendava ou cerzia?

Era vigília ou serão?

Trabalho ou oração?

Era Santinha ou Maria?

                

Contribuição:
Ir. Neusa M. D. Schneider